O termo "apócrifo" foi cunhado por Jerônimo na Vulgata Latina, no século III d.C., para designar basicamente antigos documentos judaicos escritos no período entre o último livro das escrituras judaicas, Malaquias e a vinda de Jesus Cristo.
Apócrifo é um termo que vem do latim apócryphus e que em português significa oculto.
Podemos considerar que esses escritos foram ocultados aos olhos do povo através da Igreja Católica e Apostólica Romana por questões políticas na Idade Média.
A primeira separação oficial entre os textos aconteceu em 325 d.C. no Primeiro Concílio de Nicéia, convocado pelo imperador romano Constantino, que havia aderido ao cristianismo; a separação atual foi imposta pelo Concílio de Trento, convocado pelo Papa Paulo III, representante máximo da Igreja Católica, realizado de 1545 à 1563 d.C. Mas bem antes disso, os “pais da igreja”, já no século II, combateram esses textos nos seus escritos.
Os evangelhos apócrifos são numerosos e os mais conhecidos são os atribuídos aos discípulos de Jesus da Biblioteca de Nag Hammadi, uma coleção de doze códices de papiro com capas de couro que foram casualmente descobertos no Egito em 1945, na aldeia de Quenoboskion, próxima a cidade de Nag Hammadi. Os manuscritos se encontram no museu do Cairo e são conhecidos como NHC (Hag Hammadi Códices). Outros códices encontrados mais tarde na mesma região se encontram em Londres, Oxford e Berlim.
Os NHC, de acordo com pesquisadores e arqueólogos foram escritos por volta de 330 e enterrados no final do século 4. Acredita-se que por puro acidente eles sobreviveram ao tempo, pois muitos dos evangelhos encontrados haviam sido rejeitados pelos concílios. Há a hipótese de que algum egípcio cristão tenha tido a idéia de guardar suas cópias manuscritas na língua copta e outros textos ameaçados pela perseguição da Igreja em jarros de barro que foram enterrados no deserto. Existe também a versão de que os monges do Mosteiro de São Pacômio teriam escondido os livros proibidos pela Igreja em potes de barros. Os vasos foram resgatados por um beduíno em 1945. Nos últimos anos seus textos tem sido traduzidos e tem chegado ao mundo cristão. Os textos originais teriam sido escritos entre o fim do século 1 e final do século 2.
Independente de que forma ou porque motivo, os evangelhos apócrifos sobreviveram ao tempo e despertam a curiosidade das pessoas. O motivo da popularidade provavelmente é porque eles revelam mais sobre Jesus e preenchem lacunas deixadas pelos evangelhos canônicos.
Muitos pesquisadores consideram que os apócrifos revelam um Jesus mais humano. Questões de poder e espiritualidade são tratadas de uma forma mais ecumênica. Muitos deles apontam a importância do autoconhecimento para o caminho da sabedoria e deixam de lado o grande estigma cristão, a culpa. O Evangelho de São Tomé, por exemplo, atrai a atenção daqueles que procuram pela espiritualidade, mas desconfiam das religiões.
Grande parte dos apócrifos valorizava o papel feminino. Muitos textos demonstram que Maria Madalena tinha autorização de Jesus em pregar a sua palavra.
Atualmente um dos apócrifos que tem mais chamado mais a atenção, é o Evangelho de Judas, pois narra de uma forma diferente a relação de Judas com Jesus. A única cópia conhecida foi publicada pela revista National Geographic em abril de 2006. O documento foi descoberto na década de 1970 no deserto egípcio próximo de El Minya e circulou durante certo tempo entre comerciantes de antiguidades. Composto de 26, é atribuído a autores gnósticos em meados do século 2 e revela que Judas não traiu Jesus e sim atendeu a um pedido de seu mestre ao denunciá-lo aos romanos.
Que Jesus nos ilumine sempre!
Comentários
Postar um comentário